terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Platônico.

Lá estava ele, correndo pela quadra... Ele passou do meu lado e jogou os cabelos para trás. Minhas pernas ficaram bambas e eu me escondi atrás do meu livro, ele encarava a novata. Aquilo me deixou com ciúmes... Ele foi se aproximando dela, a garota era bonita, tinha cabelos pretos, pele bronzeada e um corpo de dar inveja. Observei enquanto ele flertava com ela, ainda escontida atrás de meu livro. É claro que ele não iria olhar para mim, eu era a esquisita da sala... A garota que só tira 10 e que sempre está com um livro na mão.

Resolvi sair da quadra, não aguentava mais ver aquela cena. Andei olhando diretamente para o chão, evitando olhar em sua direção. Até que esbarrei em alguém.

- Oh, desculpe-me! - o menino disse.

Corei.

- Eu é que peço desculpas. - sussurrei.

O garoto me olhou e sorriu, sorri timidamente para ele e arrisquei olhar para Carlos. Ele ainda flertava com a garota e ela parecia gostar daquilo, virei o rosto de volta para o garoto, querendo apagar a imagem de minha mente.

- Então... Meu nome é Robson e o seu? Eu sou novato, este é meu primeiro dia.

Não estava muito afim de bater papo com o garoto novo, eu queria era sair daquela quadra.

- Sou Vitória, muito prazer e bem vindo. - nem me preocupei de cumprimentá-lo melhor, sai andando rapidamente sem olhar para trás.

Sentei no banco, sozinha e voltei a ler meu livro até a hora da saída. Eu não faço educação fisica, pois sou uma negação com esportes. Sempre que eu entro na quadra, uma bola acerta meu rosto, parece imã.

Quando olho para frente, vejo Carlos e a novata conversando animadamente ele olhou em volta, passou os olhos por mim, mas pareceu não me ver e roubou-lhe um beijo. Arregalei os olhos e prendendo algumas lágrimas voltei a ler o livro.

- Oi. - ouvi a voz de alguém.

Não respondi, a pessoa deve estar falando com alguém proximo a mim.

- Ei, Vitória!

Levantei o rosto e encontrei o olhar de Robson.

- Você lembrou meu nome. - sussurrei.

- Claro que eu lembrei! Por que não lembraraia? - ele riu e se sentou ao meu lado.

- É que ninguém lembra meu nome, todos me ignoram. - respondi encarando o chão.

- Mas eu não sou assim.

- Fico feliz por isso. - menti.

A verdade é que, eu não me importava nem um pouco se aquele novato lembrava meu nome ou não. Eu só queria que uma única pessoa soubesse meu nome, ao menos olhasse para mim. Automaticamente olhei para Carlos e vi a cena que eu tanto queria esquecer. Ele estava aos beijos com a novata, virei o rosto para esconder algumas lágrimas que saiam.

- Ah, entendi. Você gosta do bonitão ali, né? Ele não faz o seu tipo, você merece alguém que combine mais com você.

Enxuguei a lágrima e o encarei.

- Tipo quem?

- Tipo alguém que goste de ler também, ou que não lhe ignore como todos fazem.

Ri sem humor.

- É, quando você achar alguém assim me avisa. - ironizei.

Observei pelo canto do olho ele tirar da mochila o livro do Percy Jackson.

- Eu já achei, só falta você perceber. - ao dizer isso ele se levantou.

Olhei para o livro que eu estava lendo que, coincidentemente, também era Percy Jackson e tentei me imaginar com ele. Não conseguia, Carlos sempre aparecia em meu pensamento.

Fui para a sala de aula, ignorei quando Robson sentou-se ao meu lado. O professor começou a dar a aula, Robson respondia todas as perguntas corretamente. Aquilo me agradou, talvez eu devesse experimentar o que é bom para mim ao invés de sofrer por um idiota que nunca vai olhar para mim.

Na saída, Robson veio falar comigo e eu o cumprimentei com educação.

- Então, já achou o cara? - ele perguntou sorrindo, ainda com o livro do Percy na mão.

Sorri.

- Eu encontrei sim, mas só falta ele me encontrar. - não sei como tive coragem de dizer isso, mas disse.

- E se ele já tiver encontrado?

- Não tenho como saber.

Então, na frente de todo mundo Robson me roubou um beijo. Foi aí que eu percebi que dois invisiveis se tornam visiveis. Todos olharam e comentaram, mas eu não me importava. Pela primeira vez, eu estava realmente feliz. Por mais que eu não sinta grande coisa por Robson, eu sei que um dia eu posso sentir.

- Agora eu sei. - sorri e o beijei.

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